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Os gregos, de quem tudo nos chegou, bem sabiam que o homem é um conglomerado mole de forças contraditórias, tantas vezes instintivas, tantas vezes racionais. Porém, as duas primeiras, Eros, o desejo, e Hipnos, o sono, acabarão sempre por se dissolver numa última e absoluta, Tanatos, a morte. Ares, o deus da guerra e do triunfo, supremo desejo de dominação, ele mesmo só pode triunfar através da morte. Não houve em toda a história do homem civilização que mais levasse ao extremo essa união entre o desejo, o sono e a morte do que a romana. E, no extremo desse extremo, estavam os próprios imperadores e, acima de todos, Tibério. Prestes a morrer, o violento Augusto, referindo-se ao seu genro Tibério que lhe iria suceder no Império, exclamou para os escravos que o rodeavam: "Desgraçado povo que vai cair em tão lentas mandíbulas.". E, no entanto, o monstruoso Tibério era ele mesmo um conglomerado de for ças contraditórias. Assistira aos assassinatos ordenados por Augusto na sua asc...