UM DEUS MAU
Hoje fui um Deus mau
Para uma mosca
Ameaçador enorme
Que a perseguiu contra o vidro
Vazio impenetrável.
Agitava-se como louca
Contra a muralha do nada
E batia com estrondo
E voava para cima e para baixo
Para os lados
Embora fosse tão pequena
Que recuando poderia fugir
Entre os meus dedos
Lançando um riso vertiginoso
Ao longo dos meus braços.
Mas o desespero paralisava o seu pequeno
Escuro pensamento
E eu era
Eterno omnipotente
Portador da morte
Que ela nem sentiu
Quando a esmaguei
Contra a vidraça
Enquanto eu gozava
O sonho insane
De ser Deus.
HENRIQUE DÓRIA
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