PRINCÍPIO DE UM LIVRO POR FAZER

 - Em geral, são medíocres, mas muito convencidos da sua excelência.

-Ora merda para a merda.

- Vou atirar pedrinhas, pedacinhos de ossos, ao rio Mondego para ver se ele acorda.

-Deus te abençoe que eu amo esse teu corpo de águas moles e a tua alma de fumos de grandeza. Amen.

- O que tem de mais elevado agora é a cabra da velha torre.

- Está a derreter-se como uma barra de manteiga rançosa, como as escadas que conduzem à Sala dos Capelos.

- Só se salva se lhe acrescentarem mais três pulmões.

-Havia lá um homem com tomates, mas os tomates fizeram-lhe mal ao coração. Destruíram a muralha de aço. Não foram os deuses que o quiseram. Os deuses não querem poetas incómodos e ainda por cima com  grandes tomates. Os deus gostam de equilíbrio, de estátuas.

- Um crente. Do outro lado da cortina, acreditava, muitos usavam joias.

 - Anda cá cãozinho. Em democracia um bom cão tem cultivar a arte de bem saber dar a pata.

- Há uma leão a cobrar portagem para se poder entrar. Tinha na mão uma flor. Eu dei-lhe um cravo vermelho.

- Todos os reinos seriam maravilhosos se todos os homens fossem reis.

- Esta a crescer-te muito a barba.

- Precisa-se de um martelo e de uma torre para enfrentar o  estrume do tempo.

- A torre e a cabra resistem aos martelos do tempo porque cultivam a arte da glosa praticada no Colégio das Artes.

- Não  me gozes. Estamos a falar da pedra em tempo do nitreto de boro hexagonal.    

- Olha o Ponney gritava o homem com olhos de garrafa e boca com litros de cachaça.

- Aonde vais galinha? Quanto me dás para eu te dar uma trombada?

- Desaparece Tonas ou parto-te as trombas.

- Tona tona tona

    tona carapuça 

    a tua avó é velha 

    tem a tona ruça.

- Uma caveira ri-se dolorosamente.

- Um macaco dá saltos mortais à ré sobre a mesa do café.

(continua)

HENRIQUE DÓRIA



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