A SUA ALMA DESCIA ATÉ À INFÂNCIA

A sua alma descia até à infância

Enquanto o corpo subia

As escarpas do tempo.


As escarpas não foram feitas

Para os pés de criança

As montanhas são pertença

Dos trovões de Deus

E das varas dos profetas

Para depois de  separadas as águas

Depois dos relâmpagos e dos estrondos

Depois da sarça do medo

Misturados nas areias

Os homens do verão acreditarem

Que alcançaram a Terra Prometida.


Os corações de crianças

Não estão preenchidos por leis

Nem estrondos

Nem estandartes


São libelinhas voando em silêncio

Sobre os riachos


A eles não chega o negro do mar

Nem as pedras agudas das montanhas

Nem os gritos de Deus

Montado num cavalo vermelho.


Os corações de crianças são maçãs

Macias maviosas

No seu interior conversam os espíritos

E a sua conversa é mais eterna

Que os decretos de Deus.


Por isso preferia descer à infância

Às planícies  às margaridas

Onde poderia encontrar o trevo de oito folhas simétricas.



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