ELE ERA O VENTO JOVEM

Ele era o vento jovem

E a sua voragem

Adorava devorar as flores carnívoras

Os seus dedos de moça

A sua cabeça incendiada.

As palavras suspensas num pêndulo

Ele não as ouvia

Tinha apenas o corpo 

E a sua loucura.

Não via o pensamento

Nem as imagens

Não via a multidão que o olhava

Nem as memórias inquinadas

Caminhava sobre a areia e a espuma

Desejava com sofreguidão de criança

Todas as bilhas da terra

Água vinho e mel

E gritos selvagens


Tenazes ardendo sobre a pele

Tenazes fazendo ferver

A alma.


HENRIQUE DÓRIA




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