DA MASTURBAÇÃO DE UM SOLITÁRIO DEUS
Da masturbação de um solitário Deus Nasceram as estrelas Das estrelas veio o barro vermelho E deste o corpo dos homens O seu coração e o seu sangue. Por isso o coração vivo È um longo orgasmo Uma estrela cadente Um cântaro voluptuoso Bebendo dentro de si O próprio vinho. E nós gerados no grande leito Da abóbada celeste Entre a noite e o silêncio Nós que aspiramos a ser deuses Possuídos pela obscenidade Nós seres inquietos Nascido dum céu confuso Aspiramos a criar estrelas Num pequeno buraco O único lugar onde não estamos sós. HENRIQUE DÓRIA