POEMA XI
O sol acendeu-se
As larvas lavraram-se
Porque tudo faz sentido
Aos olhos de Deus
Aos olhos ímpios da morte
Porque tudo está condenado
As montanhas estão condenadas
Os abismos estão condenados
A alegria está condenada
Com as amarguras grandes e pequenas
Os amores côncavos e convexos
E o colo da lua
Mas o sonho é também a tua condenação
Vertigem e vida
Antes de renasceres na relva
Porque nunca perdeste a porta
Nunca perdeste a esperança
De regressares a ti mesmo
No nevoeiro que não se dissipa
Onde está a estrela?
Candeias azuis
Candeias amarelas
De azeite que não se dissolve
Sim és ilha que se desuniu
Passado pesado passado
Tão cheio da tua idade
Tão cheio de vento
Do ventilador
Asfixia-te
De tanto querer
Torna pesadas as palavras
Leves
Para quê então seres
Sítio dos oito caminhos
Se tudo é ilusão
Sinais num fio sem fim?
HENRIQUE DÓRIA
Lindo poema
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