O NOVO LIVRO DO DESASSOSSEGO (II).

A cena passa-se no dia seguinte. Conduzidos por Beatriz, entram em fila no gabinete presidencial o Grande Rabino de Jerusalém, o Papa, o Patriarca de Constantinopla, o Grande Mufti de Meca, o Rei das Moscas e o Pateta. 

O Grande Rabino traz uma boina negra com uma risca dourada em volta; uma casaca também negra, decorada, ao meio, com flores de acácia douradas, que se inicia, como uma árvore, junto ao umbigo e se vai alargando até aos ombros; calças, meias e sapatos negros, com uma das perneiras das calças arregaçada até junto ao joelho. O rosto ostenta um riso trocista sobre a longa barba branca.

A seguir, vem o Papa, com uma casula vermelha, palio branco com cruzes vermelhas, meias brancas, sapatos vermelhos; traz preso à cintura a imagem tosca da virgem negra esculpida em lava vulcânica, de cerca de cinquenta centímetros de altura, que o obriga a inclinar-se e apoiar-se numa cruz de prata, fina, cerca da meio metro mais alta do que ele, com um Cristo muito magro pregado numa  cruz cujos braços se inclinam levemente. A sua cabeça está descoberta e ostenta cabelos brancos, pouco abundantes. 

Nota-se que faz um grande esforço para caminhar e, por isso segue inclinado para a direita, ostentando o seu rosto sofrimento.

Vem, depois, o Patriarca de Constantinopla com uma casula dourada decorada com grandes flores de acanto prateadas, mangas muito largas decoradas como o resto da casula mas com flores de acanto mais pequenas, pálio vermelho com cruzes douradas, mitra dourada com imagens de Cristo e pedras preciosas, com com uma pequena cruz dourada, ao cimo, tendo a cruz, no centro, uma  preciosa sardónica negra, quadrada. Ergue nas mãos uma cruz dourada, larga, com trinta e três centímetros de altura e treze centímetros nos braços, com três semicírculos nas pontas.

...



As longas barbas e as  fartas sobrancelhas acentuam o seu ar de místico e de taumaturgo.

Comentários

Enviar um comentário

Mensagens populares deste blogue

CANÇÃO DE ORFEU PARA EURÍDICE

ESPLENDOR NA RELVA

QUANDO DEUS CRIOU O TEMPO