DIÁRIO INTERMITENTE
Abro, ao acaso, um capítulo do excelente Tolstoi ou Dostoievski, de George Steiner. Salto daí para Berenice, de Racine e, depois, para Anna Akmhatova, Só o Sangue Cheira a Sangue.
Recorda Steiner que, nos dramas de Dostoievski, o centro é sempre um assassinato, porque o assassinato, para Dostoievski, é o momento mais dramático que pode viver um Homem.
Porém, de modo diferente do genial russo, penso que o cume do drama se alcança não com o assassinato mas com o suicídio. O assassinato pode ser um momento de prazer e, até, de alegria. O suicídio é sempre o cume do desespero humano. É no suicídio que se encontram o maior desespero e a maior coragem, portanto, o mais profundo drama.
Que abismos não percorreu uma alma dentro de si mesma até atingir a inevitabilidade do seu próprio aniquilamento? Quanta força interior não é necessária para que uma alma tenha coragem de dizer a si mesma não mais, alma, não mais!
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