TUDO PERMANECE E, NO ENTANTO
Tudo permanece e, no entanto
Tudo mudou-
Eu já não sou eu
Eu nunca fui eu
Mas o meu rosto quebrado
No espelho
Entre duas paisagens.
Não me reconheço
Nestes fragmentos de água.
Ainda que recorde
O antigo desejo
Como um sonho esquecido
Nada me é indiferente.
Embora tudo seja diferente
Eu permaneço extasiado
Com o que poderia ter
E só com o que perdi
Árvore descarnada
Sob um céu estrangeiro.
É tarde
Curvam-se ao tempo os rios
E eu curvo-me com os rios
Mas amando ainda um terno e húmido
Poente.
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