A MINHA VIDA
A minha vida não é só da minha vida
É também dos que sofrem a pedra
E as silvas da humilhação
Desses que nem sei que existem
Que são vento - novo ou velho
A quem a neve cortou os lábios
Mas ainda são capazes de sorrir
Entre dois sofrimentos-
Desses que vivendo preferiam
Estar mortos
A beber o leite negro do meio dia
Desses que caminham na própria sombra
Num qualquer lugar
De onde até as árvores partiram
Desses que habitam a caverna da dor
Sem nunca conhecerem a ave da primavera.
Dos seus corações cheios de gritos
De sirenes
De portas fechadas
A minha vida com eles partilha
O fogo - e o grande frio.
HENRIQUE DÓRIA
Belo texto! Revela a sua militância por um mundo onde impere a justiça social, igualdade e fraternidade. Independente de ser um «privilegiado » num mundo abissalmente desigual, é preciso ter empatia e solidariedade para com os menos favorecidos. Parabéns. Você demorar a sua humanidade em sua melhor forma. Que haja justiça para que todos tenham vida.
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