NLD
Escrevo a arquitetura do caos. Não há aqui simetria e, muito menos, proporção áurea. Há memórias que se encontram sem saber porquê, retas paralelas que se envolvem, uma bola deslizando sobre a areia molhada e um poço de águas profundas, um ramo de figueira e uma queda no abismo, uma criança vestida de branco e um tanque de vinho novo, um pequeno comboio que passa, ao longe, acenando, acenando, acenando, e uma flor cor de rosa de pessegueiro arrastada pelo vento que recusa a queda, lembranças inexplicáveis que, um dia, serão explicadas porque haverá sempre um dia em que tudo o que é misterioso será explicado, em que será dado sentido à coisas que o não tinham e em que percebemos que as haveríamos de amar até à impossibilidade.
Todas as minha sensações, todas as minhas memórias, todas as minha reflexões são apenas fragmentos de um mundo que se ligam por fios invisíveis e inexplicáveis como inexplicável sou eu e é o mundo, e as invisíveis cordas que o ligam e sustentam no infinito vazio.
E tudo isto é demasiado estranho porque há dentro de mim cordas que me sustentam e me podem levar até ao infinito, e mesmo depois do infinito onde já não há cordas para sustentar o nada que há depois dos universos que cabem dentro do meu pensamento.
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