NLD
O meu caminho não segue um plano. A minha vida não foi contada nem pesada. Apenas será dividida como todas as vidas. Não tem unidade de ação como sucede nos dramas. Vou seguindo o meu drama íntimo sem saber por onde vou nem para onde vou, escolhendo no momento, e com o acaso, as veredas por onde o desejo me impele. Descubro, tantas vezes, depois de iniciado o caminho, que não é aquele o meu caminho, mas prossigo nele porque, mesmo que voltasse para trás e seguisse outro caminho, também haveria de deixar de o querer.
Todos os caminhos são iguais? Não. Todos os caminhos são diferentes. Mas todos se iniciam naquele lugar comum onde todos se bifurcam e todos terminam no lugar onde as multidões dormem no eterno pó, onde se juntam santos e criminosos, insensatos e sábios.
O que restará de nós? Apenas alguma árvore que plantámos numa encosta voltada para o sol, talvez a memória do que ficou de tudo o que foi perdido.
Angustiar-se com o derradeiro abismo, pensar no que haverá depois da morte é uma infantilidade, uma fraqueza de alma. Querer conhecer o que há depois da morte tem o nome de escatologia, que significa apenas querer conhecer os excrementos.
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ResponderEliminarMuito bom! Adorei.
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ResponderEliminarToda escolha implica em alguma renúncia.
ResponderEliminarO fim do mundo é aqui também uma metáfora de um grande desgosto, tão forte que é uma vacina para coisas não tão más.
ResponderEliminarAs árvores plantadas, os filhos, os frutos do espírito, tal como esse texto, ainda ficam e pulsam por nós, como um coração fora do peito.
ResponderEliminarMuy profundo
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