NLD
A minha perdição foi sempre o meu querer suportado por uma imaginação alheia à realidade porque ela mesma sempre foi a minha realidade. Em verdade, o meu querer sempre esteve para além dele mesmo, e sempre para além do além, para além dos aléns a que não encontro fim.
A realidade está sempre atrás de mim, essa realidade que tem homens que riem e choram, homens que jogam as cartas da sorte num banco do jardim porque nada mais têm para jogar, homens que correm para ganhar a vida enquanto a morte os vai ganhando, homens que acreditam que têm poder ignorando que nada são e que nada são porque acreditam que têm poder, homens que não acreditam, homens que estão sentados, homens que estão de pé, homens que se agitam como loucos, homens que, como eu, se inclinam suavemente sobre o coração.
Cai na minha alma uma chuva quente que faz crescer os sonhos, ou nesse lugar do meu corpo que acredito ser a alma que não há. A chuva é terna porque a ternura é húmida. E a minha perdição sempre foi a minha ternura.
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