És As cordas doces da lira E o seu som A escultura e o corpo A nascente que anseia a sede És O vento que enforma os juncos do Verão E um vulcão apaixonado A fraterna idade dos conselhos E a liberdade fresca do orvalho Aparência que é espelho Da verdade E o equilíbrio do arco e da flecha Suspensa no seu vertiginoso voo És E por ti eu sou. HENRIQUE DÓRIA
Quando Deus criou o tempo Pensou também na morte Que é a verdade do tempo Ou apenas no prazer Da sua criação Ignorando que o tempo iria Crucificar a rosa Violar os rios e as fontes Tornar em pó a terra abençoada Desfazer as nuvens e o azul Os bichos grandes e pequenos O ardiloso homem e os seus oito olhos Até tornar em nada o amado sol E as férteis nebulosas? HENRIQUE DÓRIA
1- Encontro em algumas palavras belos corpos que gostaria de despir, noutras pedacinhos de ossos que gostaria de ressuscitar, noutras aves, pedras e sementes - de amor e de ódio. Mas algum dia encontrarei aquelas em que me poderei incendiar? 2- Na vinha cortam-se as derradeiras uvas. No sótão, as maçãs guardadas comem-nos com o seu perfume. Da chaminé sai a primeira melancolia. Tudo sinais do que te trará o Outono? 3- Enquanto jantas, as televisões trazem-te muitos pedaços de morte e alguns pedaços de vida, incêndios, paredes que caiem e algumas que se levantam, fronteiras violadas e a felicidade vendida em cremes de beleza. Mais tarde, virá ter contigo a dourada lua navegante trazendo-te os seus sonhos? 4- Na tua mão direita há uma nascente e um rio principia. No teu coração uma luta em que terminarás ferido na coxa. É a mesma luta que travas com as palavras e os homens? 5- Amar como a ave que passa ou como a árvore com o seu constante amor da terra, não é tudo o mesmo amor...
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