NLD

Estou na minha aldeia e eu sou a minha aldeia. Estou na minha cidade e eu sou a minha cidade. Estou no mundo e eu sou o mundo. Mas o meu coração não está acertado pelo coração da minha aldeia, nem pelo coração da minha cidade, nem pelo coração do mundo.

A minha vida não é uma passagem entre uma rua e outra rua próxima. Tenho sentimentos, tenho vontades, tenho pensamentos, e isso é a minha aldeia, a minha cidade e o meu mundo tanto como são uma criação da aldeia, da cidade e do mundo. Não consigo abdicar deles como não consigo abdicar de mim mesmo. Não quero ficar apenas no meu quarto a dar sementes de girassol às palavras. As palavras fechadas no meu quarto seriam corujas aprisionadas. Seriam a areia duma ampulheta: escorrem por um buraco muito estreito e, no fim, fica o vazio.

Quero palavras alimentadas pela aldeia, pela cidade e pelo mundo para que, sendo minhas, passam ser também do mundo.







Comentários

Mensagens populares deste blogue

CANÇÃO DE ORFEU PARA EURÍDICE

ESPLENDOR NA RELVA

QUANDO DEUS CRIOU O TEMPO