NLD
Escrever este livro é abrir as portas do labirinto da minha alma em que eu próprio estou perdido. Quem o ler terá uma saída fechando-o nas primeiras páginas se os seus corredores não lhe despertarem a curiosidade, ou varrendo-o da sua memória como ao pó inquieto se tiver a imprudência de chegar ao seu fim. Mas quem chegará ao seu fim? Poem encontrar-se nele gritos e murmúrios, alegrias e lamentações, histórias de absurdas errâncias, frágeis peregrinações no caminho da sabedoria, da força e da beleza, tentativas de verdade e de salvação através da palavra.Tudo isso será vã vaidade, dirão uns. Conversa de comadres que não leva a lugar algum, dirão outros.
Mas as palavras são um impulso a que não consigo resistir, uma submissão em que exibo as minhas fragilidades, mais um nó na corda em que me prendi a mim mesmo. E, no entanto, elas são o meu pão e o meu lar.
Desde criança me apaixonei pelos livros de história. Aquilo que neles aparecia como realidade era para mim a invenção do livro onde heróis, mártires e vilões partilhavam as suas vidas sempre sumptuosas e eram luzes eternas porque eram palavras que não se consumiam.
O próprio Deus que atravessava a história era a luz que saía da ponta dos meus dedos. E os meus dedos tornavam-se divinos, deuses de Deus porque escreviam a palavra Deus.
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