NLD

Amo a Humanidade tanto quanto desprezo a maioria dos homens. Nada espero deles e, no entanto, tudo espero da Humanidade, até a libertação da morte. Ignorância, egoísmo, estupidez, baixeza e maldade são os atributos mais abundantes entre os homens. Ao volante do seu automóvel, um taxista governa o seu país, senão mesmo o mundo que ele ignora. Basta aplicar a pena de morte aos grandes corruptos, ladrões e assassinos. Basta meter na prisão os pequenos e médios corruptos, ladrões e criminosos de qualquer espécie, e tudo no mundo correria na perfeição desde que nos agarremos ao trabalho e olhemos por nós e pela nossa família.

Como esse taxista sabe que eu me dou bem com o Presidente da Câmara da vila, agarra a oportunidade de me ter dentro do seu táxi para me pedir que dê uma palavrinha ao Presidente porque há um concurso para psicólogo na Câmara, e a filha, que está há mais de um ano sem emprego depois de acabar o curso, concorreu ao lugar e precisa muito dele.

E, contudo, a Humanidade move-se.

O Rei Sol fazia as necessidades atrás duma coluna do Palácio de Versalhes, e tinha um criado que, com paninhos, lhe limpava o traseiro. Hoje, um pobre, dispõe duma casa de banho onde, em privacidade, defeca e se limpa e lava com higiene.

Há nisto um dos grandes progressos da Humanidade: os homens dignificaram-se mesmo nesse ato tão baixo que eles resistem a nomear.



Comentários

Mensagens populares deste blogue

CANÇÃO DE ORFEU PARA EURÍDICE

ESPLENDOR NA RELVA

QUANDO DEUS CRIOU O TEMPO