VERTICAL
O homem cresce vertical
Assim com as cristas dos pinheiros
Depois vem o vento
Da morte
E ele inclina-se na queda
Recorda que foi vertical e verde
E depois morre.
O pinheiro sobre o mar ganha
Ninhos de pocessionária
Que o devoram na vertical
Lhe roem a resina
E ele estiola
E desce na vertical
E depois morre.
Vem então o fogo
Que brilha na vertical
Cresce no colo das raparigas
Mas depois vem a noite
O frio silencioso
E o fogo expira na vertical
E depois morre.
Vem por fim a água
Que desce na vertical
E molda o canto da terra
E brilha sob os espíritos
Entre as tílias do coração
Escoa-se na vertical
E não morre.
HENRIQUE DÓRIA
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