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A mostrar mensagens de outubro, 2020

CORAÇÃO

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  Coração furioso de vida Persistes na tua demência De querer devorar o mundo? Cometa saindo da boca Com alma de labareda Com o cio apoderando-se dos céus Dos ardentes corpos celestes Animal louco que corres nos desfiladeiros Atravessado por um raio de luz Onde dança o pó Rio remoinho Até ao ranger das raízes Ignorando o mar                                   Quando pensas parar?

O NOVO LIVRO DO DESASSOSSEGO

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     Quero controlar os meus pensamentos mas, tantas vezes, não o consigo. Ontem, quando caminhava pela rua olhando as folhas de Outono que mudavam de cor em direção à queda, o pensamento desviou-se para uma mulher desconhecida, que vi uma só vez na vida e nada tinha de diferente de tantas outras mulheres, nem sequer os seios abundantes que sempre atraíram o meu olhar. Ela estava só, deitada na praia e, subitamente, levantou-se, penteou os cabelos longos e bastos, negros  e fortes como penas de corvo e, depois, caminhou vagarosamente em direção o mar para se lançar às ondas.      Admirei-me por me surgir esta lembrança tão remota e sem sinais que me pudessem marcar. Sorri deste absurdo mas, logo a seguir, veio-me à memória o nome de Maldini, nome que já não ouço há largos anos e nunca me impressionou mais do que tantos outros futebolistas famosos, e nem sequer estava entre os que melhor conhecia.      Sou e não sou responsável pelos meus...
 Nunca regressaremos a nós mesmos. O eterno retorno é uma fantasia dum inadaptado. De cada vez que queremos regressar a nós mesmos encontramos em nós um ser diferente, como quando regressamos às águas que passam por debaixo da ponte. A nossa sabedoria e a nossa força estão em sabermos ser outro em águas novas. 

JUSTIÇA

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  Os tribunais são espadas vendadas Os juízes as linhas tortas por onde Circulam as bicicletas Os procuradores corvos que debicam As sereias Os advogados meretrizes cobertas de chocalhos Que sem remorsos entregam A alma ao demónio As leis são imperadores com coroa  De latão faiscante- Pelas suas mãos descem os homens Até às cloacas do mundo A justiça uma velha estéril Com quem dormem os impotentes- Ou não dormem.