FRAGMENTO
Sinto repugnância pela maior parte dos homens. Estúpidos, mentirosos, egoístas, cínicos, desonestos, burlões, ladrões, malvados, são tão abundantes como é abundante a sua vulgaridade. Acreditar que uma simples revolução feita por uma vanguarda iluminada poderia mudar num instante essa humanidade desprezível é estúpido e desprezível. Porque a primeira condição para acreditar é não acreditar, nada dar como certo, nem aquilo em que se acredita.Foi por acreditarem que todas as revoluções falharam. Os revolucionários acreditam primeiro neles próprios. Esse é o seu primeiro erro, porque a primeira virtude é duvidarmos de nós mesmos. A mudança exterior é a mudança apenas da aparência. Toda a mudança tem de assentar na mudança interior, e essa só poderá levá-la a cabo o próprio. Tem de ser o primeiro ato de liberdade de cada ser para poder compreender que, logo a seguir, tem de abdicar dessa liberdade conquistada para poder ser o outro e o outro em si.
Foi aí que falharam Platão, Gandhi e Mandela. Eles preocupavam-se em mudar o mundo das aparências sem começarem pela mudança do ser profundo de cada homem. E o que conseguiram foi uma mudança de aparências e, mesmo essa, muito fraca. A verdade profunda continuou a ser como dantes, como o demonstram a Índia e a África do Sul.
O caso das revoluções ditas comunistas é ainda mais eloquente: procurando mudar o mundo das aparências pela coerção, viram a dimensão do seu fracasso quando acabou a coerção e povo escolheu, voluntariamente, outras servidões.
A revolução interior sendo, necessariamente, livre, será também muito lenta e difícil, porque nada pode ser mais lento e difícil do que transformar este eu que em camadas sucessivas fomos acumulando, desde que deixamos de ser amibas, passando a ser repteis, aves e símios, até nos tornarmos neste ser que a si próprio se desconhece, que é o homem.
Foi aí que falharam Platão, Gandhi e Mandela. Eles preocupavam-se em mudar o mundo das aparências sem começarem pela mudança do ser profundo de cada homem. E o que conseguiram foi uma mudança de aparências e, mesmo essa, muito fraca. A verdade profunda continuou a ser como dantes, como o demonstram a Índia e a África do Sul.
O caso das revoluções ditas comunistas é ainda mais eloquente: procurando mudar o mundo das aparências pela coerção, viram a dimensão do seu fracasso quando acabou a coerção e povo escolheu, voluntariamente, outras servidões.
A revolução interior sendo, necessariamente, livre, será também muito lenta e difícil, porque nada pode ser mais lento e difícil do que transformar este eu que em camadas sucessivas fomos acumulando, desde que deixamos de ser amibas, passando a ser repteis, aves e símios, até nos tornarmos neste ser que a si próprio se desconhece, que é o homem.
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