PRISIONEIRO
Sou prisioneiro numa casa
Guardada por um invisível
Silencioso carcereiro
Mas não aprisionado em mim.
O meu coração mantém a sua janela
Aberta para o mar a que pertence
Com a lua e o sol
Com o tigre de olhos indecifráveis
Com o grou coroado
Com as rãs coaxando o cio
Com o sereno choroso cherne
Com as cegas estrelas do mar
Com os distantes embondeiros
Com as pedras sacrificadas à solidão.
Sou prisioneiro mas os meus braços
Vão para ti com o vento
E o sentimento do tempo.
Oh mulher de corpo escarlate
Esta noite sonhei que não estava só
Porque tinha a língua
Na boca do mealheiro.
HENRIQUE DÓRIA
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