ADIVINHAS

 Ser simples até alcançar a beleza  da erva ou das crianças?

Partem as aves deixando-nos a sua sombra para que a possamos pegar?

Liberdade, palavra desejada contando o ferro, cortando o vento?

Pela serenidade do voo e pela altura do ninho do milhafre desprezavas o abismo?

Se a natureza viva tem consciência não a terá também a natureza morta de Morandi?

Não é o sono que torna possível o canto e a coragem?

 Neste mundo onde a hipocrisia cresce nas papoulas do ópio é-nos lícito não combater a devastação dos vírus?

Perante as hienas da mentira e da maldade lograrão os cordeiros transformar-se em leões para poderem ser apenas cordeiros?

Não é na noite que mais brilham os olhos das hienas?

Logrará quem se recusou a ser parte do rebanho não ser carne para a matilha?

Viver com a força do trovão dentro da brevidade do relâmpago para matar o tempo?

O tempo guardará de mim o som do meu nome ou tão só o nada do meu pó?

HENRIQUE DÓRIA - Adivinhas 


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