HÁ COISAS QUE ESPERAM POR NÓS

Há coisas que esperam por nós Até morrermos E, no entanto, seres distraídos E volúveis Partimos Sem um lenço vermelho Sem um lenço branco A dizer-lhe adeus. Aquele rosto alto de mulher por detrás da rapariga A alumiar a água Aquele ácer ardente na encosta Aquela pedra branca que me falava Vento suave ao meu ouvido Aquele rio - Aquele monte Aquela oliveira plena de luz Candeia nas mãos de milhares de mortos Para elas Os nossos anos foram só névoa Dentro dos olhos Palavras silenciadas dentro das bocas Ternura esquecida nas mãos famintas Agora pobres mãos de nada E de ninguém. HENRIQUE DÓRIA