14 de Junho de 2009
Continuei a leitura de Harold Bloom - Onde Está a Sabedoria. Capítulo em que se refere a Nietzsche e Emerson.
O individualista autor de Confiança em Si é um pensador profundamente preocupado com o futuro do homem, e a sua obra pode resumir-se no aforismo, O HOMEM É O FUTURO DO HOMEM.
Olhar para a floresta só faz sentido se tivermos sempre em vista a árvore. E a árvore de Emerson é uma árvore sagrada.
Escreveu o sábio americano: O homem é um Deus em ruínas. E ainda: O homem é um anão de si mesmo.
Eu acrescentaria a frase de Nietzsche: O homem é a ruína de Deus.
Deus alimenta-se do homem antes do Homem como a morte se alimenta da doença.
Como bom americano, Emerson era essencialmente terreno e um prático -fujo a utilizar a palavra utilitarista porque ele nunca quis fazer filosofia.
Sabendo que seria na América um marginal não escutado se anunciasse a ruína de Deus, para evitar falar da ruína de Deus falou da participação do homem na Divindade.
Nietzsche, que era um asceta, um solitário intransigente, que admirava Emerson mas nunca aceitaria vergar-se ao vento como o junco bíblico, não poderia dizer outra coisa senão A Divindade é a Morte, como disse de muitas maneiras.
Asceta contra si mesmo, Nietzsche foi-se aproximando do suicídio. Por que o não cometeu cedo? Não penso, como Harold Bloom, que tenha sido "por se afogar no serôdio." Penso sim que foi devido a um descontrole do eu por não poder suportar mais a sua incapacidade sexual que culminou na proposta de casamento três vezes recusada por Lou Andreas Salomé. A sua impotência sexual conduziu-o ao suicídio.
Pelo contrário, os dois casamentos felizes de Emerson ajudaram-no a manter-se vivo, apesar da sua saúde frágil.
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