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A mostrar mensagens de janeiro, 2023

NOITE DOS CHIMPANZÉS

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Noite dos chimpanzés Eles permanecem em séculos e séculos Podres de coração Almas flácidas Vampiros venenosos Tornando a Terra  em tempestade A Terra em crateras A Terra em raiva Com as suas asas negras Loucas. Uivam as hienas Engolindo o uivo das sirenes Trazendo a morte n os cornos de aço Através do estrondo O silêncio naufragou na neve A pedra é apenas manteiga  Para deixar apodrecida Fundações afundam-se Caves mostram os seus ventres Subterrâneos gritam para os céus Ucrânia As árvores nasceram ali ensanguentadas Os corpos são pedaços não recicláveis Triunfa a lua negra Demoníaca Assistindo ao suicídio de Mayakovsky A partidas  tão grandes como antigas invasões. Mortes                    Mortes                                        Mortes E a vida tornada um prato de lentilhas. HENRIQUE DÓRIA

FRAGMENTO

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  Há uma realidade antes da ilusão: o eu que a pressente. Por isso a ilusão nunca pode conceber-se a ela mesma sem a realidade do eu que a pressente. Esse o grande erro da caverna de Platão. 

CANTO DENTRO DOS CÂNTAROS

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Canto dentro dos cântaros As águas espalham-se Falam em sussurro com o vinho E ardem em suavidade. A mágoa embriaga-se Porque um dia será alegria. Tudo é obscuro Dentro dos cântaros Mas essa obscuridade é bálsamo Vinho para o mundo Vinho que tapa todas as feridas Vermelhas e negras. Ergue-te e serve-me o teu vinho Oh lírio da noite. HENRIQUE DÓRIA

PRIMEIRO FOI O AVÔ

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Primeiro foi o avô Com seus olhos percorrendo o céu E despedindo-se no horizonte. As suas mãos sonhadoras conversavam Com as videiras como irmãs E a terra amava a força fecunda Da sua enxada. Mas ele partiu em silêncio entre as videiras Onde vivia o seu coração E se encontrou com as estrelas No fundo vazio de um poço. Depois foi a avó Com o seu sorriso de aplacar incêndios Os seus lábios gotas vivas de mel E suaves canções de despedida. Ela partiu na noite  Abraçada à sua infinita ternura Sem sentir a chegada da vindimadora do tempo Sem me dizer adeus na grande névoa. Partiram deixando a minha alma dolorosa Mas hoje sei que se encontraram Na orla de uma nebulosa Onde constroem uma casa Para que de novo eu deixe de estar só. HENRIQUE DÓRIA