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A mostrar mensagens de agosto, 2022

A EXTRAORDINÁRIA HISTÓRIA DE SEBASTIÃO GALINHA

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  Na extraordinária história de Sebastião Galinha há um antes e um depois. Por isso irei começar a história pelo meio, porque o meio revela o depois com as estranhas razões do seu lento declínio, e o antes com as nebulosas causas da sua ascensão. Quem era Sebastião Galinha? Não sei. E estou certo que nem ele próprio sabia porque não tinha tempo para aprofundar o conhecimento da sua alma de tão ocupado que sempre estivera com tantas coisas grandes e pequenas. Mas dos seus atos, dos seus triunfos e dos seus fracassos, uns bem conhecidos outros vagamente nomeados, poderemos fixar a sua imagem como o poderia fazer um primitivo daguerreotipo. Não que fosse uma personagem nebulosa, esse Sebastião Galinha. Era, apenas, digamos assim, cinzento. Mas nesse cinzento havia, de vez em quando, alguns pulsares que deitavam luz do que ele poderia ser e não foi, por hesitação, por inconsequência, para duvidar sempre do que na vida mais valia a pena. Aliás, o seu próprio nome era uma contradição. Fo...

DIÁRIO INTERMITENTE

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 Um dia, talvez não muito longínquo, o homem há de desvendar o mistério da morte. Mas  nunca lograra desvendar o mistério do amor. Conhecendo o mistério da morte será como Deus.  Nunca alcançando o mistério do amor será apenas ele próprio, homem, detentor de um mistério que nenhum Deus lograra desvendar.  

SOBRE A PONTE DE RONDA

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Voo sobre dois abismos Entre terror e horror E o fundo olhar azul de Deus Vazio e frio Suspenso nas suas escarpas.  Quem se eu gritasse das águas Me ouviria na poderosa ponte?  Não há mulheres de corpo de alaúde Que prolonguem o meu grito Nas suas cordas tensas Nem anjos que o elevem ao céu.  Por isso ele ficaria perdido Nos dias e nas rosas E, ao longe, nos montes indiferentes. 

DIÁRIO INTERMITENTE

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 Compreendi, hoje, porque só em Ronda Rilke pôde descobrir que o abismo do amor é maior que o abismo da morte. 

MEU PRIMEIRO AMOR

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Meu primeiro amor - a terra Porque ela ama a videira E a videira ama as uvas Que têm inúmeros amores E por isso são mais amadas Porque as uvas amam o vinho E o vinho ama a loucura Que tem os abraços dos deuses E também por isso é mais amada. O meu primeiro amor canta Uma canção só ouvida pelos que amam Uma canção que cheira Ao suor doce das mulheres Sobre as cicatrizes abundantes do meu peito. Meu pai abriu uma cova no meu amor Como quem dá uma benção E fez nessa cova o meu berço Enquanto lançava farpas Com bondade. Cresci numa cova no coração da terra Bebendo o vinho e o sono E dentro de ambos os sonhos E dentro dos sonhos os seios E a felicidade do mundo. Parecem contrários mas ela ama o sol E o sol ama-a através das espigas E dos rubis cheios de sangue E por isso eu tenho um coração solar. Como ela ama o mar que sobre ela se deita E dá voltas e sempre recomeça Eu amante da terra Tenho também um coração marinho. Nasci da terra e dela nasceu o meu amor Por isso ela me há de abraçar Qu...

NLD

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  O Grande Mufti de Meca entra trajado com uma túnica branca e um chapéu em forma de tronco de cone, também branco com uma fita negra em volta da parte superior, meias e sapatos negros. Usa barba, já branca, mas as suas sobrancelhas são negras acentuando a força e convicção do seu rosto. Vem depois o Rei das Moscas. Tem dois olhos de mosca enormes que lhe permitem uma visão de trezentos e sessenta graus,  bigode comprido com pontas finas mas bem eretas. Usa casaca negra que se prolonga até aos joelhos, apertada com cinco botões vermelhos na parte frontal, calças vermelhas, meias e sapatos negros. Traz um pingalim na mão direita que roda constantemente. Por último vem o Pateta, com grandes orelhas negras, cara de cão com dois dentes salientes, pijama e barrete brancos com pintas negras, grandes sapatos vermelhos com um olho em cada uma das pontas.   Todos são recebidos pelo Presidente com um abraço efusivo, exceto o Pateta a quem acaricia uma orelha. PRESIDENTE- Vem v...